Muito antes da fundação do Centro de Estudos e Desenvolvimento CTA Eletrônica, mais precisamente no início da década de 70, comecei meus estudos de eletrônica através de uma escola por correspondência… Tinha então 14 anos e morava na cidade de Cubatão.

Montei meu primeiro rádio alguns meses depois, mas lembro-me que não funcionou. Apesar disto, insisti na verificação da montagem até que consegui arrancar dele alguns ruídos. Comecei daí a tentar “consertar” alguns rádios de meus parentes sem muito sucesso. De vez em quando conseguia colocar alguma coisa para funcionar.

A escola em que estudava na cidade de Santos, possuia cursos profissionalizantes, e da 5a a 8a série, pude desenvolver aptidões na área de marcenaria e mecânica. Mas, na verdade estava ansioso por começar o 2º grau, onde finalmente estudaria eletrônica, e aí sim aprenderia o funcionamento de tudo o que eu já montara (até então mais de 30 aparelhos sugeridos pela Revista Saber Eletrônica).

No primeiro ano, praticamente nada houve de eletrônica e o segundo se arrastou em código de cores de resistores, Lei de Ohm, etc.

Apenas no terceiro ano, fomos verificar realmente o que era o transístor semicondutor.. minha maior dúvida. Mas, para minha decepção, o vi através de parâmetros e cálculos, sendo que esse continuou misterioso para mim. Cheguei a pensar que a maravilha do século (o transístor), era um mistério que não poderia ser desvendado.

Apesar de considerar que faltava muito para que tivesse uma boa base, podia notar que meus companheiros que não tiveram a prática anterior que tive, sentiam-se ainda mais “perdidos”, o que deu-me certa confiança para enfrentar o mercado de trabalho.

Concluído o ensino técnico (1979), tinha a idéia fixa de seguir para uma grande universidade… Quem sabe a USP.

Consegui arranjar um emprego em uma Assistência Técnica, considerada por todos como a melhor da cidade de Cubatão, e simultaneamente resolvi fazer o cursinho durante a noite para prestar o vestibular para a universidade.

Lembro-me como se fosse hoje, que o meu primeiro aparelho foi uma “sonata”, termo muito usado na época para pequenos toca-discos com amplificador, cuja etapa de potência não funcionava. O “grande” técnico formado (EU!!!) não sabia o que fazer!

Depois de quase um dia inteiro medindo tensões e tentando analisar o funcionamento do circuito, o supervisor técnico da assistência – sr. Agostinho, chegou-se a mim e disse: “troque esta peça!”.

Sem muito discutir, troquei a peça indicada e para meu espanto o aparelho passou a funcionar. Pude perceber que não havia mágica envolvida, mas sim que esse técnico (muito bom por sinal) já havia se deparado com um defeito anterior semelhante em que tinha localizado aquela peça.

Mas o que eu queria saber era como havia localizado o componente da primeira vez!

Para minha decepção, o mesmo havia verificado a tensão da fonte e logo em seguida, medindo com escala ôhmica alguns transistores, acabou encontrando o componente defeituoso. Acabei descobrindo que basicamente não houve análise técnica e que o componente era descoberto (cedo ou tarde) muito mais por sorte do que análise.

Mas, como os aparelhos deviam ser feitos de uma maneira ou de outra, acabei adquirindo uma série de “macetes” que me facilitaram na “análise” dos defeitos.

Nesse meio tempo, um desentendimento com minha família, acabou resultando na desistência da universidade, pois essa exigiria aplicação em período integral e eu necessitava trabalhar para meu sustento.

Passou por minha cabeça até em desistir da área de eletrônica, pois não queria passar o resto de minha vida contando com sorte para localizar componentes defeituosos dos mais diversos.

Quando pegava um defeito mais difícil, chegava a sonhar com o mesmo e quando o componente defeituoso era encontrado (sem entendimento do que havia ocorrido), me enfiava em livros nacionais e principalmente importados para talvez conseguir uma luz em relação ao que estava acontecendo.

Assim, acabei desenvolvendo-me tecnicamente não só em teoria, mas também em prática.

No meio deste mundo prático e teórico que rodava em torno de mim, consegui entender finalmente o funcionamento do transistor (nove anos após haver iniciado os primeiros estudos em eletrônica), sendo que a partir daí, pude vagarosamente aplicar técnicas de análises mais aprimoradas, auxiliado por amigos técnicos.

Após dois anos de trabalho, abri minha primeira assistência técnica também em Cubatão, e a frase que mais me marcou foi de um colega que prontamente me disse:

– “Vou te dar umas dicas… quando o aparelho não for autorizado, pegue algumas peças dele… para compensar o prejuízo…”

Isto me indignou, e respondi-lhe de pronto: “De jeito nenhum…” Ele retrucou:

” Ah… então você não vai conseguir ficar aberto nem 3 meses.”

Infelizmente, alguns técnicos desta área, não somente pensam, mas agem desta forma, denegrindo o restante, que tenta trabalhar honestamente.
Apesar de notar que muitos clientes nos olhavam com desconfiança (apesar de nossa honestidade), trabalhamos sempre com um serviço de alto nível e em dois anos, éramos a maior assistência técnica da cidade. Aquele colega técnico, que havia dado alguns “conselhos” iniciais, acabou utilizando nossos serviços para resolver seus pepinos”, pois confiava, não somente em nossa capacidade técnica, mas principalmente em nossa palavra.

O interesse em passar para outros técnicos o que já tínhamos adquirido, tanto em teoria como em prática, começou nessa época, pois tínhamos funcionários que, ou eram técnicos de nível médio, ou apenas passaram por um ou dois cursos de aperfeiçoamento.Começamos a ministrar aulas particulares dentro da própria empresa (gratuitamente), visando melhorar o rendimento de nossos funcionários. Com isto, algumas das técnicas didáticas que hoje empregamos foram aos poucos sendo desenvolvidas.

Recebendo um convite de uma escola de São Paulo, para ministrar treinamentos na área de televisão, aceitei prontamente.

Foi assim criado o curso de TELEVISÃO, que deveria ser ministrado sem as famosas caixas pretas do circuito de croma, dando ao técnico não só a visão teórica aprofundada como também possibilidades de análises de defeitos. Com isto pude notar que a principal deficiência técnica além da falta de conhecimento teórico, era a pouca base de raciocínio de eletrônica que os técnicos possuíam, impedindo-os de uma assimilação melhor da matéria teórica.

Foi necessária a implantação de um curso de ANÁLISE DE CIRCUITOS (semelhante a este que agora inicia), voltado a compreensão de técnicas de reparação PRÁTICAS, que foram desenvolvidas exaustivamente durante anos em bancada de trabalho. O resultado foi tão bom que logo as turmas lotaram.
Foi necessária a implantação também de um curso para iniciantes, que não partisse para fórmulas ou cálculos, mas desenvolvesse a eletrônica de forma experimental e lógica. Neste novo curso, a teoria aplicada em classe, deveria ser utilizada também em bancada: surgiu o CURSO DE ELETRÔNICA GERAL.

Assim, os alunos acabaram adquirindo nível para frequentar os cursos seguintes, e logo foi necessária a implantação do CURSO DE TELEVISÃO DE NÍVEL II, voltado ao treinamento em chassis específicos utilizados no Brasil, e que tinha ênfase em fontes chaveadas e controles remotos.
Apesar dos cursos fornecerem uma base teórica e raciocínio de reparação, ainda faltava um laboratório, onde as experiências adquiridas nas aulas teórico-práticas pudessem ser comprovadas com a manipulação dos equipamentos. Esperei dois anos pelo laboratório e por algumas melhorias nos cursos, o que infelizmente não aconteceram.

Resolvi sair desta escola e fundar outra, totalmente diferente das convencionais, onde a preocupação principal seria o resultado final do aluno. Em acordo com meu sócio e apoio decisivo de minha esposa, iniciamos o projeto “CTA Eletrônica”, que visava não só a formação profissional, mas também prestar um serviço à população mais carente através de bolsas de estudos gratuitas.

Nascia então a 10 de Outubro de 1989 a CTA Eletrônica.

Os primeiros meses foi de um aperto financeiro de tirar o fôlego, tanto que meu sócio (descendente de japonês), resolveu mudar-se para o Japão.
O grande problema enfrentado no início era manter a qualidade, o que nos levava a exigir dos técnicos que nos procuravam, avaliações rigorosas para que os mesmos pudessem frequentar os cursos de televisão, videocassete, etc. Boa parte destes técnicos não conseguiam nota suficiente para ingressar diretamente nestes cursos, desistindo de estudar conosco.

Apesar disto, confiávamos neste caminho que achávamos o mais correto, e paulatinamente os resultados foram sentidos nos alunos, com suas boas performances no mercado. Aos poucos a procura pelos cursos aumentou grandemente.

Apesar da localização (Zona Leste) vieram alunos de todos os bairros de São Paulo, e também de cidades como Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Carapicuíba, São Bernardo, Diadema, Jundiaí, espalhando-se para cidades do interior e litoral: Santos, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, etc.

Rapidamente saímos do local onde tínhamos o prédio alugado e construímos um dos maiores Centros de Treinamento na área de Eletrônica. Se isto não bastasse, toda esta metodologia começou a ser impressa, primeiramente no Jornal Eletrônica em Foco, e após com um encarte especial dentro da Revista Saber Eletrônica (de janeiro de 92 a fevereiro de 94). Tudo isto culminou no final de 1995 no lançamento da Revista CTA Eletrônica, com matérias das mais diversas.

Por maiores que fossem nossos esforços, ministrando treinamentos em várias partes do Brasil, não conseguíamos alcançar todos os técnicos ou estudantes sedentos de uma nova filosofia de trabalho e estudo.

No ano de 1992, começamos um trabalho com a Fundação Bradesco, que encomendou uma série de bancadas de testes para suas escolas de eletrônica. Também ministramos uma série de treinamentos de Análise de Defeitos para os alunos do Curso de Eletrônica da Fundação. No ano de 2009, a pedido de Nivaldo Tadeu Marcusso, diretor de Tecnologia da Fundação Bradesco, fizemos uma visita a unidade de Campinas da Fundação e ficou acertada a feitura do treinamento de E-learning para o ano de 2010.

A empresa Sony, nos trouxe outra grata surpresa. Após visita à central de serviços da Barra Funda, em 2005 e apresentando todo o trabalho por nós realizado, comprometeram-se de fazer uma visita à nossa escola no Tatuapé. Não só fizeram isso, como os engenheiros da Sony Academy, Manuel Costa, Mauricio Rizzi e Alexandre Hoshiba, matricularam-se em diversos cursos, para avaliação dos treinamentos da CTA. Após surpreenderem-se com as performances dos alunos da CTA, conseguiram com a direção da Sony, a indicação oficial da escola CTA, para as assistências técnicas desta marca, indicação que perdura até hoje.

No ano de 2008, recebemos do Engenheiro e mestre da USP, o sr. Márcio Toma, atualmente diretor da ExcelChip, a mais honrosa carta de apresentação, onde nesta, indica os treinamentos da CTA Eletrônica, para técnicos e até engenheiros da área.

A partir do ano de 2008, fizemos uma alteração completa em nossa grade e introduzimos matérias de automação, controle, robótica e mecatrônica, nos módulos 7, 8, 9 e 10 colocando nossos alunos em uma área de grande remuneração e capacitação técnica. O material de uma das maiores indústrias do setor de automação, a WEG, tornou-se a base de toda essa mudança.

Ainda no ano de 2009, após 20 anos de existência da escola CTA Eletrônica, começamos a ministrar o “Ensino a Distância” (EAD), onde os alunos em qualquer lugar do Brasil, podem agora participar de todas as vantagens da metodologia CTA Eletrônica, incluindo o ranking de módulos e ranking geral (este último através de avaliações feitas em São Paulo).

Através dos fantásticos resultados alcançados por nossos alunos, e pela permissão de Deus, cremos que continuaremos a escrever a história da CTA Eletrônica por muito anos…